Daffodil

Vamos morrer, é esse o plano: vamos morrer pra seguir gozando meu amor…

Vamos gozar a qualquer preço e que só a dor física seja o limite, e, que o limite seja um mero obstáculo anatômico; afinal, somos livres. Não somos?

Sejamos objetos reluzentes com cheiro de novo, e assim que nos depararmos com a lógica de flor de cereja dos nossos dias tão atuais, basta ser outro objeto para outro consumidor. Vamos nos enfiar nos buracos dos outros e vamos ser enfiados nos nossos buracos, pois se a plenitude é o nosso ideal e a plenitude é estar preenchido, não vamos ficar de fora do grande plano de vivermos pra sempre; porque pelo plástico a morte não se interessa.

E vamos amar… Livre! Leve! Com pouca bagagem, amor de baixa caloria. Mas, você se lembra como é isso? Porque ser feliz é estar hipnotizado pelo reflexo na água e o amante é apenas um eco que segue sempre muito de fundo para que seja ouvido.

Afinal, estamos mortos…

Ao final, somos uma versão mais limpa e moderna, não mais de origem animal, somos de tecido sintético; não somos?

Eu queria chorar, porém, ter tesão é mais coerente.

E

Afinal eles não sabem o que é uma mulher pra mim.

Você não sabe o que é uma mulher pra mim.

Ela não sabe o que é uma mulher pra mim.

Eu não sou uma mulher.

Um vazio central, desejo disforme…

Desculpe a decepção… Acontece.

Eu carrego na mão minha condição:

Só.

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